Macroalgas como berçário
Os moluscos estão entre os grupos mais abundantes vivendo em associação com macroalgas marinhas, e nesses ambientes conseguem obter recursos como alimentos, proteção contra predadores e o impacto das ondas, além de sítios reprodutivos. Três classes de moluscos já foram registradas em associação com as algas: Gastropoda, Bivalvia e Polyplacophora.
Os gastrópodes formam o grupo mais diverso, tendo sido registradas mais de 60 espécies diferentes em associação com macroalgas no litoral brasileiro. Desse total, muitas espécies são características desse ambiente, podendo ser encontradas em todos os seus estágios de desenvolvimento, desde os juvenis em estágio pós-larval até indivíduos adultos. Já outras espécies são características de outros ambientes próximos, como costões rochosos e sedimentos arenosos, porém são encontradas nas algas em seus estágios juvenis, o que ilustra a importância desses hábitats em atuarem como berçários (“nurseries”), fornecendo condições favoráveis para o desenvolvimento de indivíduos jovens. Dentre as espécies mais comuns, estão membros das famílias Cerithiidae, Columbellidae, Phasianellidae, Caecidae e Pyramidellidae. São animais de tamanho diminuto, mas que não deixam a desejar na sua grande variedade de cores e formas, dignos de admiração.
Já os bivalves, apesar de apresentarem um menor número de espécies representadas nesse ambiente (cerca de 30 registradas até o momento para o nosso litoral), também podem ser muito abundantes, e chama atenção o grande número de jovens que são comumente encontrados, principalmente das famílias Mytilidae, Myidae e Pteriidae. Enquanto, a classe Polyplacophora é mais rara, e representada principalmente pela espécie Ischnochiton striolatus.
Além da expressiva diversidade de espécies, os moluscos de algas ocupam diferentes níveis tróficos, sendo representados por espécies herbívoras (mesoherbívoros, que se alimentam de algas hospedeiras ou algas epífitas; e microherbívoros, que se alimentam do biofilme estabelecido sobre as algas), detritívoras, carnívoras e suspensívoras. Esses animais também são importantes recursos alimentares para muitas espécies costeiras maiores, como algumas espécies de peixes, o que levanta a importância ecológica desses animais para os ecossistemas costeiros, bem como a importância de se conhecer diferentes aspectos acerca da sua biodiversidade.