Biodiversidade com proteção integral no litoral de São Paulo
O Arquipélago de Alcatrazes é uma Unidade de Conservação gerenciada pelo ICMBio, que está localizado no litoral norte do estado de São Paulo, a 36 km da costa e a 45 km do Porto de São Sebastião. O arquipélago é referência cultural e paisagística, presente em relatos dos primeiros viajantes em 1531.
A ilha de Alcatrazes abriga cinco sítios arqueológico-históricos caracterizados por apresentarem vestígios pré-coloniais associados a ocupações temporárias indígenas e ruínas mais recentes. Além disso, em seu histórico, é evidente a presença da Marinha Brasileira no arquipélago onde realizam atividades de tiro.
Atualmente, o arquipélago de Alcatrazes é protegido pela Estação Ecológica Tupinambás (ESEC Tupinambás) e pelo Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes (Refúgio de Alcatrazes) possuindo uma área de 67.409 hectares, ou seja, a maior área marinha de proteção integral das regiões Sul e Sudeste do país. A área do Refúgio abrange todo o arquipélago dos Alcatrazes, composto por suas ilhas (com exceção da ilha da Sapata e daquelas já protegidas pela ESEC Tupinambás) e expressivo entorno marinho.
O arquipélago possui ampla biodiversidade onde foram identificados até o momento na ESEC e no Refúgio 1.292 espécies, entre flora e fauna, com, pelo menos, 93 delas sob algum grau de ameaça. O levantamento através de expedições revelou 320 espécies de flora, 103 espécies de aves, 259 espécies de peixes, 465 invertebrados bentônicos, 9 espécies de herpetofauna terrestre, duas espécies de tartarugas marinhas, 10 espécies de mamíferos marinhos, 64 espécies de macroalgas e 60 espécies de invertebrados terrestres. Dentre todas as espécies identificadas, 20 são consideradas endêmicas e 20 são consideradas exóticas.
Com toda essa biodiversidade foi necessário muito esforço para a proteção da área, garantindo mínima interferência antrópica no arquipélago. A condição de conservação numa região altamente desenvolvida economicamente tornou o arquipélago referência única para estudos científicos, principalmente aqueles de monitoramento das condições ambientais e acompanhamento dos efeitos das múltiplas interferências antrópicas no ecossistema marinho. Em setembro de 2017, foi autorizada pelo ICMBio a abertura da visitação no Refúgio de Alcatrazes, em caráter experimental. As atividades de visitação previstas incluem a visita embarcada, o mergulho livre e o mergulho autônomo. As atividades de visitação são consideradas de baixo impacto e têm como intuito fortalecer o ecoturismo e a sensibilização e educação ambiental da sociedade.
Fotos: Vídeo "Alcatrazes: Mergulho no Éden" - TvEstadão
Entretanto, é de extrema importância realizar o levantamento das espécies que ocorrem no arquipélago e o seu acompanhamento ao longo dos anos nos locais de abertura para visitação pública, podendo o estudo do sistema macroalgas-invertebrados ser ferramenta de auxílio na avaliação de riscos e possíveis impactos, foco das nossas pesquisas nessa área.
Comments